SAÚDE MENTAL: PANDEMIA DO MEDO
E COVID-19
Cleanto
Leal Luz
Oficial
de Justiça, formado em Direito e Acadêmico de Medicina.
As
pandemias são conhecidas como epidemias que se espalham rapidamente por
diversos países e afetam uma quantidade relativamente grande de pessoas e que,
de forma geral, geram consequências do nível micro ao macros sistêmico, impondo,
pelo tempo em que duram, novas regras e hábitos sociais para a população
mundial e mobilizações de diversas naturezas para suas contenções. Segundo dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS)2, o surto da COVID-19 iniciou-se na China
em dezembro de 2019. E desde então tem se alastrado por diversos locais e
populações.
No
último relatório da OMS, publicado em 08 de maio de 2020, estão documentados
3.759.967 casos confirmados, 259.474 mortes, com registro em países de todas as
regiões do mundo. No Brasil, o primeiro caso da doenças foi notificado em 25 de
fevereiro de 2020 e o número de acometidos pelo vírus tem crescido, desde
então, gradativamente. O Brasil confirmou 145.328 casos e 9.897 mortes até a
tarde do dia 08 de maio de 2020.
Considerando
que todo avanço tecnológico depende também de avanço nas políticas e práticas
humanas e sociais, entende-se que a saúde mental é fundamental para a
manutenção das capacidades criativa e produtivas do ser humano.
Os
principais fatores de risco para adoecimento mental identificados incluem:
vulnerabilidade social, contrair a doenças ou conviver com alguém infectado,
existência de transtorno mental prévio, ser idoso e ser profissional de saúde.
O isolamento físico e o excesso de informações nem sempre confiáveis somam
estressores à crise. As especificidades do luto durante a pandemia também
aumentam o risco de lutos complicados.
Há,
também, uma infinidade de informações erradas circulando nas mídias sociais que
aumentam a ansiedade sobre a doenças. Além disso, o próprio tipo de informação e
a forma como ela é fornecida pode gerar consequências mais ou menos positivas
na saúde mental da população, em momentos de pandemia.
Estudos
realizados no Rio Grande do Sul, demonstraram os efeitos na saúde mental da
amostra pela exposição e tipo de informação acessada a respeito da pandemia.
Assim sendo, os participantes que relataram estarem mais frequentemente
expostos a informações sobre mortos e infectados possuem mais chances de risco
de apresentarem transtornos mentais menores. Sabe-se que essa exposição a
notícias frequentes sobre uma situação como a da pandemia pode provocar
prejuízo na saúde mental, associada a mais chances de risco para sintomas de
ansiedade e de depressão, o que se manteve mesmo quando controlados outros
fatores. Assim, se as preocupações com a saúde física e com o risco de morte
são as mais suscetíveis de acontecer nesse contexto, a diminuição da renda
familiar também é um fator que aflige e parece impactar negativamente na saúde
mental da população.
Veja algumas
recomendações para cuidar da saúde mental:
Recomendações
individuais
- Cuidar de si e dos outros,
mantendo contato com amigos e familiares e encontrando tempo para atividades de
lazer
- Seguir as recomendações da
OMS e das agências de saúde do governo
- Prestar atenção às suas próprias
necessidades, sentimentos e pensamentos
- Limitar a exposição às notícias
relacionadas a pandemia, pois muita informação pode desencadear distúrbios
de ansiedade
- Comunicar a alguém
quando sentir sintomas de tristeza ou ansiedade
- Auxiliar, tanto quanto
possível, pessoas em grupos de risco
Crianças: Manter
atividades familiares e de lazer (jogos).
- Explicar o fenômeno em
linguagem clara e acessível; manter a rotina (na medida do possível), estar
disponível para responder a quaisquer perguntas e entender que, nesses momentos, as crianças podem estar mais
irritadas, sensíveis, exigentes e regressivas (por exemplo, urinar na cama). É importante
não culpá-las por esses comportamentos: usar uma abordagem gentil e
tranquilizadora.
- Ensiná-las a expressar seus
sentimentos, como o medo, de uma maneira positiva.
- Controlar a quantidade de
informações a que estão expostos, para que não fiquem ainda mais assustados.
- Em caso de quarentena, ser criativo, inventando jogos (principalmente envolvendo atividades físicas)para evitar o tédio.
Populações em risco que
requerem quarentena (idosos imunodeprimidos, idosos etc.) e pacientes psiquiátricos:
- Ajudar a proteger essas
populações do contato com o patógeno, especialmente os mais vulneráveis;
prestar